sexta-feira, 23 de julho de 2010

Política de decisões adiadas

A agenda dos partidos é um funil muito estreito onde só cabe aquilo que tem interesse imediato e retorno político baixo.
A actual situação política de instabilidade e que impõe a inevitável negociação das decisões, a situação económica derivada das escolhas fáceis e do uso de oportunidades caras mas que só se pagam a prazo e a situação social decorrente das anteriores, com um desemprego enorme e crescente e com a criação de condições para o avolumar de conflitos sociais, todas exigem caminhos a médio prazo com objectivos aglutinadores.IMG00571
As decisões de hoje, mesmo que limitadas, vão influenciar e contribuir para a evolução da situação e para a criação de condições para a realização de um caminho para os objectivos que os políticos devem definir, de forma estratégica.
Algumas recomendações que vêm da sociedade ou mesmo de alguns sectores encaminham-se para orientações mais globais, que é oportuno começar a trilhar. Vou dar alguns exemplos:
A diminuição da despesa do Estado e da despesa com os políticos é uma exigência da situação social e económica. Todos concordam! A proposta de diminuir o nº de deputados para 180, dos actuais 230 é uma posição consensual. O que respondem os partidos maioritários? Que não está na agenda política ou que não é agora oportuno.
O aumento da produtividade e do nº de dias de trabalho consecutivos é uma orientação fundamental para que a economia tenha menor desperdício. Todos concordam! Mas quando um grupo de deputadas do PS propõe a revisão da forma como são celebrados os feriados e alguma reorganização dos mesmos, a direcção do partido acha que não é oportuno e liquida a ideia com uma votação dividida no plenário
Vejamos agora algumas das decisões oportunas que, em 2010, vimos que concentraram o tempo dos políticos. Começamos por aquela peregrinação idiótica do casamento urgente entre homossexuais. Se não fosse séria a situação até essa ideia dos princípios de igualdade seria séria, mas isto acontece ao mesmo tempo que a nossa justiça consegue emaranhar-se em cada vez mais casos e mais lentidão e acumular de processos.
Outro «tiro no pé» das oportunidades perdidas é a diminuição da despesa do Estado, sendo o exemplo mais recente o folhetim das SCUT.
Se não fosse sério os nossos Ministros ganhavam os campeonatos da anedota, por aquilo que dizem que fazem, e não por aquilo que é importante, pelos resultados obtidos.
O que é oportuno é terminar a desorientação e definir um programa para Portugal.